domingo, 29 de novembro de 2009

O que é

Eu posso ter sido
a sua fantasia juvenil,
a vida que queria,
mas que chegou
tarde.

Você é
o meu sonho,
que viria
mais tarde e que
talvez não fosse vivido.
Mas o sonho
apareceu cedo
e deixou de ser.

Certas coisas
não somem
- e não quero
que desapareçam -

Dançamos a
dança da vida.
Passamos por
estações.
Ah, os dias...

Está tudo
intacto.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

(Re)nascer

Haverá um tempo em que
as flores exalarão morte.
Haverá um tempo em que
a vida
significará o fim.
Haverá um tempo em que
sentidos não hão de haver.
Haverá um tempo em que
machucados jamais cicatrizarão.
Haverá um tempo em que
não mais hei de existir.
Nesse tempo, então,
saberei que
(re)nasci.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Explorador invisível

Em teu oceano
mais escuro e fundo
naveguei
e vi náufragos
que ninguém havia visto.

Encontrei uma
corrente com um coração
em que estava escrito
seu nome.

- parece que você deixou
ou simplesmente
lançou-a ao mar –

Restaurei cenas
que já estavam
escondidas
num passado perfeito,
trazendo-as para o presente.
E, o presente que se foi,
sonha, delira
com o futuro.

O oceano
era carregado
com as lágrimas que te vi derramar
junto com as coisas tão mais lindas
que você me mostrava
com o encanto de quem ama
e com o medo de descontrolar mais do que acertar.

Ah, como era lindo
poder te ver sorrir
e ver a vida
de uma maneira
diferente.

Esse oceano
guarda consigo
as particularidades
indescritíveis
daqueles que ali
estiveram.

Explorador invisível
daquilo escondido
daquilo que não tem volta
daquilo que ali-
mente.

Minha água
já não mais contida
são apenas
doces gotas
na sua salgada.

A mistura ideal,
Molgli.

Não é pra ser uma tragédia grega

Não é mais igual.
E não adianta
derramar lágrimas
pois elas não irão
trazer o passado de volta.

Cansa-te ser
o que é?
Ou cansou-te ser
o que não era?

Minha parede está
cheia de cavidades.
E minha cabeça.
E as ruas sem saída.
E as árvores.
E eu.

Incrível ver
tantos filmes
e não perceber
o final deste.

Chaplin não
sorri.
Nem ninguém.

Desculpe,
mas os personagens
não decoraram
suas cenas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nostalgia apenas

A vida que se fazia real
não o era.
Os pesadelos
era o que estava por vir.
O medo
a cada dia se intensificava.

Nostalgia...

A cada cinqüenta minutos
uma nova ferida.
A cada semana
há novos ácidos
para lembrar.
Cada ano
destrói.

Nostalgia...

Hoje,
a realidade nos consome.
Hoje,
a vida nos brutaliza.
Hoje,
o sofrimento é certo.

Hoje,
não se vive a vida.

Este é o show

As simplicidades mais complexas.
Os toques mais profundos.
As histórias que não passam.
As recordações que não se vão.
A vida que eu espero,
que eu quero.

A cada instante
as feridas inflamam mais.
Não há remédio,
poção, elixir
para curar.
- É só você que tem a cura -

Desfaço planos.
Construo fantasmas.
Acordo demônios.
Relembro anjos,
anjo.

O baile de máscaras.
A vida nua.
Cada segundo, uma descoberta.
Cada descoberta, um aperto.

O sapato da Cinderela
ainda está aqui.
Cadê o sapo?
Quem me deu a maçã?
Para quê acordar?

O futuro é tão incerto,
assim como decidir
o que vou fazer.

Tampe meus olhos,
meus ouvidos,
mas me deixe gritar,
dizer quem sou,
onde estou,
como estou.

Talvez nem eu saiba,
mas não faça com que me cale.

O mundo começou
e eu apenas pedi um tempo.
Mas, como fui tola,
o tempo não pára,
o show tem que continuar.

Bem-vindo à vida.

domingo, 15 de novembro de 2009

Farol dos anjos

A onda que traz
e que leva,
que revela
e esconde,
que nasce complexa
e morre simples...

Comparou-a com
outros tantos substantivos,
tantos sentidos,
tantos pronomes...


A lua que preenche
a escuridão existente
no acaso.
Vigia o silêncio,
abraça os amantes
e constrói canções.

Lá de cima
via a lua a brilhar
e o mar a sorrir.
Desejava com a lua estar
e com o mar brincar.

Mas um anjo torto
disse para que
deixasse de ser um mero gauche.

Ouvindo-o, então,
deixou seu corpo
brincar ao mar
e esteve junto à lua.

Eternamente.

sábado, 14 de novembro de 2009

Gota vermelha

O dia esteve tão cinza,
parecido com as fumaças
que passam ao meu lado,
me fazendo companhia.

Aqueles olhares criminosos
que insistiam em me acusar
sem nem mesmo saber
quem sou.

Aliás,
quem sou?

Há um túnel

em minha frente e
não sei se devo passar...

Quantas fotografias!
Que graça!
Estou bem... (?)
Serei assim?

duzentos e
cinquenta e
seis
tons de cinza e
uma
gota vermelha.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Fases

A incerteza
hoje deu seus primeiros
sinais de vida.

O inconformismo
nasceu.

A decepção
já é criança.

A fúria
virou adolescente.

A mágoa
se tornou adulta.

As lembranças...
velhas.

E o pra sempre,
morreu.

Parece comum

Por que sinto medo?
Meu medo esteve
por algum tempo
distante.
Por que voltou?
Por que se foi?

Não me chame,
me deixe só.
Só não consigo,
I need...

Cacos de vidro espalhados,
sangue nas paredes,
batimento cardíaco em alto falantes.

Eu não quero ver,
não quero limpar o quarto de Molgli,
me desfiz em mil pedaços.

As pedras estão no meio do caminho,
entre poças de chuvas
que refletem sorrisos
que não mais existem.

Diga-me que é um pesadelo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Apenas mais um sonho

três horas da manhã
o telefone toca
é você de algum lugar
dizendo algo
que eu não entendia

os segundos passavam
e eu me perdia nos ruídos
do telefonema.

As palavras não existiam.
o que queria se dizer
estava apenas no tom
da respiração
que soava descontrolada.

Então pude entender.
Realmente, você estava
dizendo algo.
Apenas decodifiquei:
eu te amo,
meu amor.

O despertador toca...
apenas um sonho.
Mais um.

Ordem é ordem

Visto minha melhor farda,
arrumo meu batente,
hoje, sou eu
quem mando.

Não existe acordo,
a ordem é punir.
A lei agora é outra:
seja qual foi o ato,
puna.
(isso seria outra?)

Os meus desejos
são maiores,
não me importo
com os seus.
E se desejos,
terei.

Calem a boca,
pois a justiça
quem faz
sou eu.

Não peça misericórdia
pois o dia é cinza
como eu.

E,
não respirem.

sábado, 7 de novembro de 2009

Era pra ser um dia qualquer

Mais uma vez estive longe.

Longe da minha razão,

Longe da realidade e

Longe de você.

As palavras poderiam

Ser suficientes.

Nunca conheci quem

Tivesse levado tanta porrada

Assim.

Meus olhos nada perguntam.

Quanto tempo vou viver

Sem esquecer?
Será que você ainda

Sabe o quanto

penso?

Será que você ainda

lembra?

Meu coração acelera e salta.

Sinto tanta a sua falta.

A TV não funciona mais.

Mas eu sei que um dia

Tudo isso vai passar.

Eu vou te amar.

Te esperar.

É eterno...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mesmos sentimentos

Me senti novamente
como não me sentia há tempos.
A brisa de leve
e a garoa a decorar.

O proibido
que não tinha sido impedido
hoje o é.

Como bloquear
o que está tão vivo?
O que fazer,
o que falar,
pra tentar disfarçar?

Hoje a tristeza não é passageira,
hoje fiquei acordada a noite inteira.
E eu sei que
quando o sol bater
na janela do meu quarto
você não estará aqui.

E o mundo é perfeito.

Por que... (mais)?

Nem tudo que se faz
existe um porquê.
E por que questionar?

O que construímos com amor
nada destrói.
A não ser o sentimento inverso.

O que construímos com as mãos
é facilmente esmagado pelos pés.

O amor chega e nos consome.
O dinheiro chega e nos consome.
O ódio chega e corrói.
O homem chega e mata.

Há vários motivos,
há várias razões.
Mas ainda fica:
por quê?